segunda-feira, 21 de junho de 2010

Terror em Guantánamo

Foto: Divulgação
Prisioneiros usam máscaras em Guantánamo

Alvo de muitas críticas, Guantánamo se tornou um símbolo de supostos abusos de direitos humanos cometidos pelos Estados Unidos, devido a técnicas de interrogatório utilizadas contra os acusados de atos terroristas detidos na prisão.

Usando como propósito a mineração e operações navais, os Estados Unidos fizeram um contrato de arrendamento perpétuo de 116 quilômetros quadrados de terra e água na baía de Guantánamo, pertencente à ilha de Cuba.

Mas é somente em 2002, que o primeiro grupo de 20 combatentes capturados no Afeganistão é levado a Guantánamo. Em outubro, pela primeira vez, quatro prisioneiros de Guantánamo são liberados. Em novembro, William J. Haynes recomenda técnicas de interrogatório agressivas para qualquer suspeito de terrorismo.

No ano de 2003 um total de 773 prisioneiros passou pela prisão e 680 permanecem em Guantánamo. Em 2004 a imprensa americana começou a divulgar imagens e relatos de torturas e violações aos direitos humanos feitos pela maior potência do mundo. Em Guantánamo, 558 detidos foram interrogados por comissões militares e apenas 38 foram libertados deste montante.

Somente depois de quatro anos, em 2006, que a Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou um relatório solicitando o fechamento da prisão de Guantánamo com base no uso de técnicas de interrogatório semelhantes à tortura. Mas o secretário de Defesa da época, Donald Rumsfeld, não concordou com as conclusões da ONU.

Foi neste mesmo ano que aconteceu a primeira tentativa de suicídio de um dos prisioneiros de Guantánamo. Um mês depois, três prisioneiros morreram em um aparente suicídio coletivo. Outros prisioneiros iniciaram uma greve de fome, mas foram alimentados à força pelos guardas. A Suprema Corte determinou que o sistema de comissões militares para os detidos violava as leis estadunidenses e a Convenção de Genebra.

Foto: Divulgação
Banho coletivo

Documentos do FBI obtidos durante um processo iniciado pela União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, em inglês), em 2007, revelaram 26 incidentes de possível abuso por parte dos guardas de Guantánamo que incluem expor os prisioneiros a temperaturas extremas, desrespeitar o Alcorão e atos de humilhação realizados por guardas do sexo feminino. Estimava-se naquele ano que 245 homens estavam detidos em Guantánamo.

Mas é apenas em 2009, após a eleição de Barack Obama, que se começou a ouvir as primeiras promessas de fechar ou reestruturar a prisão de Guantánamo. Obama assinou um decreto-lei, em 22 de janeiro de 2009, para fechar Guantánamo ainda no primeiro ano do seu governo, além de exigir uma revisão de como esses prisioneiros seriam tratados antes do fechamento – e se seriam enviados a outros países ou processados. As comissões militares, criadas durante o governo Bush, foram extintas.

Entre os piores crimes cometidos na prisão, estavam o transporte dos detentos em jaulas, abuso sexual cometido por médicos, variados tipos de torturas, espancamentos brutais que deixavam o chão encharcado de sangue, desrespeito às práticas religiosas (fazer o detento comer carne de porco ou assistir profanações do Alcorão) e detenção de crianças.

Foto: Divulgação
Prisioneiros são mantidos em pequenas jaulas, como forma de tortura

Mesmo com todos esses abusos e uma promessa do atual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de que fecharia a prisão até 22 de janeiro de 2010, o que não se concretizou, 196 presos permanecem detidos em Guantánamo.

Por Hévilla Wanderley

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