segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ascensão e declínio: World Trade Center

O vídeo abaixo, quase que um mini-documentário, mostra cenas da construção do World Trade Center, as Torres Gêmeas, em 1966, seguidas de cenas de sua destruição, em 11 de setembro de 2001.



"A notícia não precisa mais do que um instante para se tornar uma obra que perpetuará nas nossas memórias para o resto da vida."

Por Equipe Questão de Ordem

Obama e a retirada das tropas americanas do Iraque

Foto: Divulgação

Depois do ataque terrorista ocorrido em 2001, George W. Bush começou uma guerra que parecia infindável contra o terrorismo. O Então presidente do Estados Unidos havia mandado milhares de soldados para o Oriente, especificamente para o Afeganistão e depois para o Iraque, o que resultou em grandes despesas aos cofres americanos, além da perda de vidas de jovens estadunidenses, praticamente em vão.

Com a eleição do presidente democrata Barack Obama em 2008, a população mundial e principalmente a americana começou a acreditar no fim desta guerra, devido a sua promessa de campanha da retirada das tropas. O que mais surpreendeu a todos foi quando ele anunciou o envio de 30 mil novos soldados para o Afeganistão a partir do início de 2010.

O anúncio foi feito durante um discurso à nação na academia militar de West Point, no Estado de Nova York. O presidente afirmou ainda pretendia iniciar a retirada das tropas americanas somente em julho de 2011, um ano antes das eleições presidenciais.

"Eu tomo essa decisão porque estou convencido de que nossa segurança está ameaçada no Afeganistão e no Paquistão", afirmou o presidente. "Esse é o epicentro do extremismo violento praticado pela Al Qaeda", completou ele em seu discurso.

Segundo ele, essas tropas adicionais ajudarão a preparar a retirada das demais forças de segurança no Afeganistão. Com o envio destes soldados, os Estados Unidos contarão com mais de 100 mil homens naquele País.

Em dezembro de 2008, Washington e Bagdá ratificaram acordo de segurança que estipulava a retirada americana das principais cidades iraquianas antes de julho de 2009, o que de fato ocorreu, e de todo o território iraquiano antes de janeiro de 2012.

O custo deste envio será em torno de de US$ 30 bilhões em um ano. "Trabalharei rigorosamente com o Congresso para dar conta destes custos, enquanto trabalhamos para reduzir o déficit", disse Obama, ao lembrar que, quando assumiu a presidência, em janeiro, o custo das guerras no Iraque e Afeganistão se aproximava de US$ 1 trilhão. Críticos da presença militar americana afirmam que cada vez que os Estados Unidos enviam mais tropas para reforçar a segurança do Afeganistão, a situação só piora, pois eles estão usando bilhões de dólares em gastos militares e não na reconstrução do país.

Mas ultimamente, todo esse gasto não tem funcionado muito, estima-se que houve um aumento de 65% nas mortes entre 2008 e 2009 no Ageanistão. E o número de militares estrangeiros mortos em operações já cresceu 65% em 2009, primeiro ano do governo Obama, em comparação com todo o ano de 2008, último período do governo republicano de George W. Bush.

(Fonte: Portal UOL)
De acordo com os números do site independente icasualties.org, foram registradas este ano 485 mortes entre os soldados da coalizão militar liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão - um aumento de mais de 65% em relação aos 295 mortos de 2008. Os onze primeiros meses de 2009 já são, dessa forma, o período mais violento dos oito anos de guerra no país.

Ainda segundo o levantamento do icasualties.org, ao todo 1.532 militares morreram no Afeganistão desde 2001, quando Bush iniciou uma ofensiva militar no país, logo após os ataques terroristas de 11 de Setembro. O objetivo era combater as forças da Al Qaeda e do Taleban que, segundo o governo norte-americano, ofereciam suporte a ações terroristas contra os Estados Unidos.

A rede norte-americana CNN, que segue os anúncios oficiais dos governo, indica que, ao todo, houve no Afeganistão 1.524 mortes de militares da coalizão, dos quais 926 norte-americanos, 11 australianos, 1 belga, 236 britânicos, 133 canadenses, 3 tchecos, 28 dinamarqueses, 21 holandeses, 6 estonianos, 1 finlandês, 36 franceses, 31 alemães, 2 húngaros, 22 italianos, 3 letões, 1 lituano, 4 noruegueses, 15 poloneses, 2 portugueses, 11 romenos, 1 sul-coreano, 26 espanhóis, 2 suecos e 2 turcos. Pelo menos 4.565 pessoas foram feridas em ação, segundo o Pentágono.

No Iraque, o principal front do governo Bush, existem hoje mais de 120 mil militares norte-americanos. Apesar do grande contingente, situação no país é mais calma do que nos últimos anos. Em 2008, segundo o icasualties.org, 322 militares estrangeiros morreram no país, dos quais 314 norte-americanos, enquanto nos primeiros dez meses de 2009 as baixas das tropas ocupantes foram 147, número cerca de 54% menor.
Ainda assim, o Iraque ainda registra o maior número de mortes globais: 4.687 militares estrangeiros mortos do país durante todo o conflito.

Por Hévilla Wanderley

domingo, 27 de junho de 2010

Teorias da conspiração sobre o 11 de setembro

Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, estarreceram o mundo. As pessoas ficaram sabendo pelos meios de comunicação que quatro aviões foram sequestrados por radicais islâmicos, se jogando, logo em seguida, contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York e o Pentágono, em Washington. Uma quarta aeronave, que teria um alvo desconhecido, caiu na Pensilvânia. Como não poderia deixar de ser, surgiram várias teorias da conspiração para explicar a tragédia. O Departamento de Estado dos EUA criou uma seção em seu site dedicada a refutar as teorias e versões surgidas.

Resposta:

Muitos americanos e pessoas do mundo inteiro acreditam que as autoridades americanas tiveram algum tipo de envolvimento na tragédia do 11 de setembro. Algumas testemunhas afirmaram que pode ter havido demolição controlada na queda das Torres Gêmeas. Outros defendem que o governo americano já havia previsto o ataque ao World Trade Center, baseado no documento republicano de 2000, Rebuilding América's Defences onde está escrito que: "O processo de transformação, mesmo que provoque mudança revolucionária, provavelmente será longo se faltar um evento catastrófico e catalisador como um novo Pearl Harbour". Também existe a teoria que os EUA orquestraram o 11 de setembro para justificar a invasão do Iraque e do Afeganistão.

Principais teorias surgidas ao redor do mundo para explicar o que aconteceu em 11 de setembro de 2001: (Fonte: G1)

Conspiração - As Torres Gêmeas não ruíram, mas foram demolidas de forma controlada.
Versão oficial - Segundo o Departamento de Estado dos EUA, citando especialistas em demolições controladas, quando o prédio é derrubado de forma proposital, o processo acontece de baixo para cima, e não como ocorreu em Nova York. Os oficiais dos EUA dizem que não foram registradas explosões no solo de Nova York no dia e que não havia nenhum sinal de explosivos na base dos prédios.


Conspiração - Nenhum avião foi jogado contra o Pentágono, que foi atingido por um míssil lançado pelo próprio aparato do Estado americano.
Versão oficial - Os corpos dos passageiros do vôo 77 da American Airlines foram encontrados no Pentágono e reconhecidos por DNA. A caixa-preta do avião foi encontrada dentro do Pentágono. Testemunhas viram o avião cair. Fotografias tiradas no local mostram destroços do avião.

Conspiração - Os aviões que bateram nas Torres Gêmeas foram pilotados por controle remoto.
Versão oficial - A Boeing, fabricante dos aviões, diz que eles não aceitam controle externo. Passageiros dos voos fizeram ligações de celular relatando o sequestro das aeronaves.

Conspiração - O voo United 93, que caiu na Pensilvânia, foi derrubado por um míssil.
Versão oficial - O gravador de voz do avião registrou a revolta dos passageiros, que fez com que os próprios sequestradores derrubassem a aeronave. Os terroristas controlaram o avião até o momento da queda. O Exército dos EUA não sabia do sequestro do voo até quatro minutos após ele ser derrubado.

Conspiração - Quatro mil judeus faltaram ao trabalho no World Trade Center no dia 11 de setembro.
Versão oficial - Não houve aumento no número de faltas ao trabalho no dia do atentado. Cerca de 10% a 15% dos mortos eram judeus.

Conspiração - A Al-Qaeda não é responsável pelos ataques do 11 de Setembro.
Versão Oficial - Osama Bin Laden e outros líderes da Al-Qaeda confirmaram repetidas vezes terem planejado e realizado os ataques. Uma fita de novembro de 2001 registrou detalhes do planejamento de Bin Laden. “Calculamos antecipadamente o número de vítimas”.

Vídeo do primeiro avião atingindo as Torres Gêmeas:


Retirado de Clésio.net

sábado, 26 de junho de 2010

A indústria dos quadrinhos após 11 de setembro

Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA tiveram largo impacto mundial em praticamente todas as áreas do conhecimento humano. Nas artes não foi diferente e muitos artistas de diversas mídias fizeram trabalhos inspirados pelo acontecimento.

Com a indústria de quadrinhos não foi diferente. As histórias em quadrinhos são consideradas por muitos a nona arte e compõem uma indústria bilionária, com personagens que já se tornaram ícones culturais mundiais. Os quadrinhos suportam a construção de mundos inteiros e vêm ganhando cada vez mais respeito como forma de arte nos últimos anos.

Sendo uma mídia que usa a fantasia para retratar problemas reais, os quadrinhos foram diretamente afetados pela tragédia do 11 de setembro. Logo após os ataques, várias edições com histórias diversas sobre os atentados foram publicadas, principalmente nos EUA, que possui um dos maiores mercados mundiais de quadrinhos.

Foto: Divulgação
Capa de Heroes, desenhada por Alex Ross

Em novembro de 2001, a Marvel Comics lançou Heroes, um livro de arte de 64 páginas com capa de Alex Ross e ilustrações e roteiros por vários artistas de quadrinhos renomados, que mudava o foco das imagens dos super heróis para os heróis do mundo real, os bombeiros e policiais responsáveis pelas buscas nos escombros do World Trade Center. Heroes teve sua renda destinada ao fundo de vítimas dos atentados e tiragem esgotada.

Em dezembro do mesmo ano foi a vez de mostrar as reações dos super heróis e vilões da Marvel no momento exato do atentado, na edição número 36 d’O Incrível Homem-Aranha, de J. Michael Strackzinsky e John Romita Jr. Essa edição vendeu mais de 200 mil cópias e transformou em clássica a imagem do Homem-Aranha, o super herói de Nova York, parado em frente às ruínas do WTC.

Foto: Divulgação
O Homem-Aranha lamenta sobre os escombros do World Trade Center

Ainda pela Marvel, em janeiro do ano seguinte saí Moment of silence, especial com quatro histórias sem texto produzidas por Bill Jemas, Joe Quesada, Kevin Smith, Brian Bendis, Mark Bagley, Scott Morse, Igor Kordey e John Romita Jr., com uma introdução escrita pelo prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani. Nos meses seguintes a editora dá início à publicação de The call of duty, três mini-séries sobre bombeiros, paramédicos e policiais dentro do contexto do 11 de setembro, porém situadas dentro do Universo Marvel.

Foto: Divulgação
Capa de "A Moment Of Silence"

A Alternative Comics lançou no mesmo mês o álbum 9-11: Emergency Relief, com participação de 80 artistas, entre eles Will Eisner e Harvey Pekar. As editoras Chaos! Comics, Dark Horse Comics, Image Comics e DC Comics lançam também dois volumes luxuosos chamados 9-11: Artist respond, também com a presença de vários artistas conhecidos e independentes.

Foto: Divulgação
Capa de 9-11: Emergency Relief

In the Shadows of No Towers, ou À Sombra das Torres Ausentes, como foi lançada no Brasil, é uma graphic novel de Art Spiegelman, único autor a ganhar um Pulitzer com uma história em quadrinhos, onde o autor faz duras críticas ao governo Bush ao mesmo tempo em que narra sua experiência traumática no dia do ataque às torres gêmeas. Apesar de ter sido escrita imediatamente após os eventos de 11 de setembro de 2001, o álbum só foi publicado no aniversário de três anos dos ataques.

Mas a HQ mais fiel sobre o assunto é provavelmente The 9/11 Report: A Graphic Adaptation, escrita por Sid Jacobson, desenhada por Ernie Cólon e lançada nos EUA em 2006. O livro é uma adaptação do relatório oficial do governo americano sobre o 11 de setembro e mostra eventos antes e depois dos atentados, incluindo as informações que as agências de inteligência americanas já haviam coletado sobre os suspeitos.

Foto: Divulgação
Página de The 9/11 Report: A Graphic Adaptation

Outros países também deram sua contribuição. Le 11e jour, de Sandrine Revel, publicado na França em 2002, é um relato pessoal da experiência da autora, que presenciou os atentados em Nova York onde passava férias com um casal de amigos. Revel tenta passar o sentimento de insegurança e incompreensão que sentiu naquele dia, como uma estrangeira num país onde mal entendia a língua local. No Brasil, o escritor e roteirista Reginaldo Carlota e o desenhista Micael Holderbaum criam a HQ Cão Maravilha, em que o super-herói canino, inconformado com o fato de não ter evitado os atentados de 11 de setembro, torna-se violento a ponto de espancar e matar seus inimigos.

Além dos lançamentos de quadrinhos tratando diretamente do 11 de setembro, muitas HQs já existentes passaram por uma mudança interna, substituindo os comuns vilões, temas e tramas mirabolantes por assuntos mais “realistas” como terrorismo, preconceito e fanatismo religioso que, apesar de já existirem no mundo dos quadrinhos, passaram a ter maior importância, além de serem discutidos mais abertamente.

Heróis como Capitão América e Nick Fury, este último dentro da saga Guerra Secreta, tiveram suas fases de combate ao terrorismo. A Justiça Jovem, grupo de super heróis pré-adolescentes da DC, teve uma história com a temática do ódio irracional. O mutante Cable criticou o imperialismo norte-americano numa história passada no Rio de Janeiro. O roteirista Greg Rucka falou sobre a mentalidade dos talibãs em sua série de espionagem Queen & Country. Ao Super Homem coube falar sobre fanatismo religioso. Os X-men, não se desviando do tema preconceito que é a base de sua história, introduziram uma discussão sobre os talibãs, inclusive dando as boas-vindas à uma personagem islâmica.

Tudo isso confirmou a tendência anunciada por um dos grandes mestres dos quadrinhos, Grant Morrison, anunciando que o impacto do 11 de setembro no segmento aproximaria mais os super heróis da realidade. Tal declaração causou polêmica entre os fãs e a mídia, uma vez que o caráter escapista das HQs é defendido por muitos.

O fato é que hoje a popularização dos quadrinhos, principalmente dos selos adultos, e das graphic novels (chamadas no Brasil de banda desenhada ou romance gráfico), fez crescer a popularização de temas igualmente “adultos”, que tratam da realidade com mais crueza, além do chamado jornalismo em quadrinhos, onde as matéria são feitas inteiramente em banda desenhada nos chamados livros-reportagem, que apesar do nome, continua sendo a boa e velha HQ.

Independente do tipo de história, de super heróis ou não, as histórias em quadrinhos foram feitas não só para divertir, mas também para falar sobre a realidade e seus problemas e, principalmente, sobre sua superação.

Dica: apesar de não abordar o tema 11 de setembro, uma graphic novel altamente recomendada é V de vingança, do escritor britânico Alan Moore, que trata de temas como totalitarismo, censura, terrorismo e anarquia. Mesmo sendo uma publicação da década de 80, a história é extremamente atual e tanto o enredo quanto as ilustrações são fantásticas. Foi republicada no Brasil pela Panini Comics em 2006 e não é difícil encontrar (inclusive para download na internet).

Por Kíssila Machado

Chomsky, um intelectual da esquerda americana

Foto: Divulgação
Noam Chomsky faz duras críticas ao governo estadunidense

Ativista político norte-americano, crítico ferrenho da política externa estadunidense, filósofo e professor de linguística do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Avram Noam Chomsky é conhecido como uma das mentes mais brilhantes do século XX.

Chomsky tem um laço com o Oriente Médio. Filho de judeus, cresceu dentro da tradição cultural hebraica e sionista, mas apesar disso ele é crítico com a política israelense em relação a seus vizinhos árabes. Em seus livros e artigos ele diz que Israel é um "Estado mercenário", que apóia as políticas americanas, inclusive com a venda de armas a países comandados por governos títeres americanos, como a Guatemala na década de 80, para obter apoio dos Estados Unidos.

O modo como Chomsky vê o terrorismo difere da abordagem comum: para ele existe o terrorismo de estado, o ato de matar civis, e o terrorismo praticado por movimentos políticos, a ação de atacar militares e suas instalações. Ele afirma que a morte de civis é terrorismo e não uma guerra contra terrorismo, classificando, dentro desses parâmetros, os Estados Unidos como um Estado terrorista.

Em seu livro “11 de setembro”, Chomsky analisa os impactos causados pelo ataque às torres gêmeas e ao pentágono em 2001. Também mostra como a propaganda manipulou as pessoas para favorecer o governo americano e como o governo usou do ressentimento da população que sofreu com o atentado para tornar a ocupação do Oriente Médio legítima.

A propaganda política é algo recorrente entre os assuntos estudados por Chomsky, que compara a publicidade ao cassetete, pois segundo ele "a propaganda representa para a democracia aquilo que o cassetete significa para o estado totalitário." O escritor sempre se lembra do poder de dominação que a propaganda exerce sobre as pessoas usando como exemplo a política americana, que a usa como cortina de fumaça para camuflar seus reais interesses.

O uso do discurso humanitário dos Estados Unidos, de que estão levando a democracia e a liberdade para as pessoas em outros países, é uma das propagandas mais usadas por regimes totalitários durante a história, o regime nazista é citado pelo escritor como exemplo. Esse discurso nada mais é que uma propaganda enganosa e que se olhada criticamente é visivelmente inverídica e é exatamente isso o olhar crítico sobre o que é veiculado pela mídia e pelo governo que Chomsky diz ser a "arma" contra todo tipo de propaganda.

Por Ana Amélia Lima

Ouça a entrevista com o professor Paulo Kuhlmann

É certo que houve no mundo uma reviravolta depois do 11 de setembro. As coisas passaram a ter uma relevante diferença. Aconteceram implicações na segurança interna de cada país, assim como nas Relações Internacionais e também nas pessoais. Para retratar esses fatos, o Questão de Ordem – Especial "Obra de Um Instante" entrevistou com o professor de Relações Internacionais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Paulo Roberto Loyolla Kuhlmann.

Em nossa conversa, pudemos perceber os aspectos que já levantamos acima, além de saber um pouco mais dos desafios que não apenas os Estados Unidos, mas também o mundo inteiro têm de enfrentar daqui para frente.

E para você, leitor do blog Obra de Um Instante, disponibilizamos o áudio da entrevista para que possa também ter conhecimento desses temas. Basta clicar abaixo para escutar na íntegra a entrevista.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Linha do tempo: a trajetória intervencionista dos Estados Unidos

Os dados abaixo são do documentário “Tiros Em Columbine” (Bowling for Columbine, 2002) do cineasta norte-americano Michael Moore,  e mostram como os Estados Unidos usam de seu poder político e econômico para manipular outros países ao redor do globo em benefício próprio. A linha do tempo transcrita aqui mostra como a política imperialista americana causou danos irreparáveis aos países que estavam “no caminho” do Tio Sam.

1953: EUA derrubam Mossadegh, primeiro-ministro do Irã e colocam o xá como ditador.
1954: EUA derrubam Arbenz, presidente da Guatemala. 200 mil civis são mortos.
1963: EUA apóiam assassinato do presidente sul-vietnamita Diem.
1963-75: Exército americano mata 4 milhões de pessoas na Ásia.
11 de setembro de 1973: EUA armam um golpe de estado no Chile. O presidente eleito democraticamente Salvador Allende é assassinado. O ditador Pinochet assume. 5 mil chilenos são assassinados.
1977: EUA apóiam o governo militar de El Salvador. 70 mil salvadorenhos e 4 freiras americanas são mortos.
1980: EUA treinam Bin Laden e terroristas para matar soviéticos. A CIA dá a eles 3 bilhões de dólares
1981: Governo de Reagan treina e financia ‘contras’. 30 mil nicaraguenses são mortos.
1982: EUA dão a Saddam Hussein armas para matar iranianos.
1983: Casa Branca secretamente dá armas ao Irã para matar iraquianos.
1989: O agente da CIA Manuel Noriega, presidente do Panamá, desobedece as ordens de Washington. EUA invadem Panamá e derrubam Noriega. 3 mil civis panamenhos são mortos.
1990: Iraque invade o Kuwait com armas americanas.
1991: EUA entram no Iraque. Bush reempossa o ditador do Kuwait.
1998: Clinton bombardeia ‘fábrica de armamentos’ no Sudão. Era uma fabrica de aspirinas.
1991 até hoje: Aviões americanos bombardeiam o Iraque. A ONU estima que 500 mil crianças iraquianas morrem devido às sanções.
2000-01: EUA dão ao Afeganistão dos talibans 245 milhões de dólares.
11 de setembro de 2001: Osama Bin Laden mata 3 mil pessoas com técnicas da CIA.

Por Ana Amélia Lima

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Onde Está Bin Laden?

Foto: Divulgação
Simulação apresentada pelo FBI de como Bin Laden estaria em 2010

A imagem acima, apresentada este ano pela Federal Bureau of Investigation (Escritório Federal de Investigação, o FBI na sigla em inglês) seria uma simulação de como Osama Bin Laden estaria agora. Posteriormente, esta imagem foi desmentida, sendo uma montagem feita com base nas fotos do político espanhol Gaspar Llamazares.

Quase dez anos após os atentados à nação americana, em 2001, o líder da organização terrorista Al-Qaeda e um dos homens mais procurados do mundo, Osama bin Muhammad bin Awad bin Laden, não foi encontrado até hoje. O maior exército do planeta não conseguiu capturá-lo, portanto, muito se especula sobre o paradeiro de Osama.

Foto: Divulgação
Osama Bin Laden: como o maior exército do mundo não o capturou ainda?

Geógrafos da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, desenvolveram uma série de estudos, utilizando imagens de satélites, equipamentos modernos e teorias da geografia para tentar localizá-lo, e, em um documento publicado em 2009, alega ter encontrado o exato local onde Bin Laden estaria escondido, em Parachinar, região próxima à fronteira com o Paquistão, no próprio Afeganistão. Abaixo, algumas fotos do local apontado pelos cientistas.

Imagem: Reprodução
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Imagens de satélite indicam a suposta localização de Osama Bin Laden

Apesar da seriedade do tema, ele foi tratado de forma bem humorada por alguns internautas. Imagens inspiradas na clássica séries de livros "Onde Está Wally?" são difundidas pela rede mundial de computadores, parodiando a situação.

Imagem: Reprodução
Paródia propõe uma "caçada" à Bin Laden em um parque de diversões

Além disso, até mesmo um livro foi lançado, chamado "Onde Está Bin Laden? (e muitos outros...)" (Larousse e Daniel Lalic, Editora Larousse do Brasil), também parodiando Wally. Em cada uma de suas 32 páginas, os leitores tem que encontrar em meio a desenhos multicoloridos e complexos não apenas Bin Laden, mas também, uma série de celebridades e personagens marcantes, como Madonna, George Bush e Napoleão Bonaparte.

Imagem: Reprodução
Capa do livro "Onde Está Bin Laden? (e muitos outros...)", de 2008

Mesmo com a visão bem-humorada, esta pergunta intriga a muitos. Afinal, como apenas um homem e sua pequena facção criminosa conseguiram "escapar" do poderio militar norte-americano? E para onde ele realmente foi? Bin Laden ao menos existe, ou é apenas um personagem, criado como bode expiatório? Teorias e mistérios cercam esta pergunta. E para você, leitor, "onde está Bin Laden"? Clique em comentários e deixe sua opinião, bem-humorada ou não.

Por André Luiz Lima

Onde você estava no dia 11 de setembro de 2001?

Foto: Divulgação
Ataque às Torres Gêmeas: o mundo inteiro parou para ver

O atentado terrorista do dia 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos estabeleceu um marco na história mundial. Em datas como esta, a humanidade costuma dar uma pausa no que estiver fazendo para que possa prestar atenção, ver, ouvir, presenciar o que está acontecendo e assim, deixar seu relato às próximas gerações.

E este foi um daqueles dias que todo mundo parou para ver o desenrolar de uma tragédia. Como era uma manhã de terça-feira, a maioria das pessoas estaria trabalhando ou estudando. Eu, que tinha dez anos, não me recordo muito bem, mas deveria estar no colégio ou chegando em casa e, claro, assistindo desenho animado.

E já que é interessante compartilhar experiências e vivências pessoais, convido os leitores deste blog a nos dizer o que faziam no dia 11 de setembro de 2001. Você se lembra claramente deste dia? Onde você estava? O que fazia? Como ficou sabendo do atentado terrorista? Fique à vontade para explicitar seu relato, para isto, basta clicar abaixo em comentários. 

Por Camila de Lima Bezerra

Como a CIA e o governo de Nixon derrubaram Allende

Foto: Divulgação
Multidão aclama o presidente chileno Salvador Allende

O 11 de setembro é sem dúvidas uma data trágica, não só para os americanos, algumas coincidências e muitos anos depois provam que povos diferentes podem ter algumas datas em comum e também certas ligações. Em 11 de setembro de 1973, o governo americano não foi a vítima, mas o causador de uma grande tragédia que aconteceu no Chile: provocou a morte de um presidente democrático e colocou no poder o homem que viria a ser o mais sangrento ditador da América Latina, Augusto Pinochet.

Em 8 de setembro de 1973, as Forças Armadas do Chile comandadas pela CIA, estavam a poucos dias do golpe de Estado, que há muito tempo era planejada pela agência americana. Como disse Henry Kissinger, “Bem, o golpe no Chile já está em marcha!”. Kissinger presidiu entre 1969 e 1976 o "Comitê 40", uma organização de caráter semi-clandestino de ligação entre a Casa Branca e a CIA para desestabilizar governos que não estavam de acordo com os interesses norte-americanos.

Ao meio dia de domingo, dia 9 de setembro de 1973, Allende pediu a Pinochet que traçasse um plano de emergência para o que estava a acontecer, no caso, o golpe. O presidente pretendia lançar um referendo no dia 11 de setembro para que a população decidisse o que fazer, sobre a situação do país. Em paralelo, Jack Devine, agente da CIA encoberto em Santiago, informava a seus superiores sobre o golpe: “Será em 11 de setembro”.

Na noite de 10 de setembro, técnicos testavam conexões para o discurso de Allende sobre o plebiscito, para ser transmitido por uma cadeia de rádio e televisão na manhã seguinte. Do outro lado da rua, técnicos do lado golpista faziam o mesmo, mas com outro objetivo.

Salvador Allende Gossens, foi um político desde o começo de sua vida, dividia os estudos em Medicina na Universidade do Chile com as preocupações sociais, comunista desde sempre, vibrou em 1959 com o sucesso da revolução cubana. Senador já naquela época tirou fotos famosas entre Ernesto “Che” Guevara e Fidel Castro. O que não agradou nada aos Estados Unidos, naquele auge da Guerra Fria. Pois Allende já havia se candidato duas vezes à presidência da Republica no Chile, e vinha crescendo a cada eleição.

Mais uma eleição, mais outra candidatura, Allende agora estava na mira dos americanos e eles não vacilariam como fizeram em Cuba. Em 1964 a CIA entregou pelo menos três milhões de dólares para a campanha presidencial do democrata-cristão Eduardo Frei Montalva, que concorria com Allende. Allende perdera pela terceira vez, mas não perdera novamente seu otimismo. Candidatou-se novamente em 1970. Com a sua candidatura e a criação no ano anterior do Comitê 40 vieram varias “ações encobertas”, ou seja, clandestinas para sabotarem um governante democrata, que tinha formação comunista.

Em 25 de março de 1970 o Comitê 40 aprovou um primeiro financiamento de 125 mil dólares para “operações de sabotagem” contra Allende. De 1970 a 1973 estas “ações encobertas” contaram com orçamentos de quase nove milhões de dólares. Mesmo assim em 4 de setembro 1970, Allende foi eleito com 36.3 % dos votos contra 34.9% de Jorge Alessandri, o candidato da direita, e 27.8% do terceiro candidato, Radomiro Tomic. Ele ainda precisava da votação do Congresso, já que não tinha conseguido mais de 50% da votação.

Foto: Divulgação
Allende, sentado ao lado do presidente cubano Fidel Castro

E o Congresso votou em outubro daquele ano, e como resultado, 153 votos a favor Allende, outros 35 foram para Alessandri e tiveram sete abstenções. Allende tomou posse em 3 novembro de 1970, para desespero do presidente Nixon. O diretor da CIA, Richard Helms, disse anos depois que Nixon, então presidente americano, temia perder o Chile, como Kennedy havia perdido Cuba.

No primeiro ano do governo de Allende, o desemprego baixou 4%, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 8,5% e melhorou a distribuição de renda. Mas o governo americano ordenou “é para fazer a economia chilena uivar de dor”, então começou a espalhar o terror apavorando empresários, fazendo-os reduzir a produção. Muitos profissionais paralisaram seu trabalho enquanto recebiam dinheiro da CIA e de multinacionais americanas que tinham sido prejudicadas com estatização de Allende. O Comitê 40 aprovou a entrega de cem mil dólares a organizações empresariais, em outubro de 1972. Tudo de forma clandestina.

Como se tudo isso não bastasse, em meados de 73, a Casa Branca decidiu apertar ainda mais o Chile. Nada funcionava: greves de motoristas, paralisação de comerciantes, protestos de colégios e escolas técnicas, manifestações contra e a favor, gás lacrimogêneo nas ruas, bombas, e “apagões”. A CIA e empresas multinacionais norte-americanas financiavam grevistas com cifras superiores a 200 mil dólares.

Neste estado de calamidade, o comandante-em-chefe do exército, o general Carlos Prats, foi alertado sobre “movimento suspeito” de golpe militar e também foi vítima de um complô da CIA que pretendia tirá-lo do seu cargo, já que ele era um grande defensor da Constituição. A situação se complicava dia após dia, e Prats não resistiu, renunciou em 23 de agosto de 1973. Como novo comandante-em-chefe do exército, o presidente Allende designou o general Augusto Pinochet, que não despertara suspeitas jamais de Allende ou sequer de Prats, que o recomendara.

Depois de grandes traições e provas de lealdade, o dia 11 de setembro de 1973 foi marcado pelo fúnebre som dos aviões de guerra e pelo rumor das hélices dos helicópteros, mostrava que era o começo do fim. Pinochet após a indicação para ser o principal comandante do exército chileno, ao lado da CIA, comandou todo o golpe que se realizaria neste fatídico dia.

Já eram quase 11h da manhã quando surgiram os primeiros disparos do lado de fora do palácio do governo chileno, o La Moneda. Allende estava lá dentro com os seus mais fiéis companheiros, e de lá não tencionava sair. Às 11h52min caiu a primeira bomba no palácio, seguida de outras mais. A destruição começava a crescer no local, junto com um incêndio que escurecia o céu com a fumaça negra que vinha do La Moneda.

Às 13h20min, o presidente disse que era hora de se render, fez com que todos saíssem de mãos abertas, deixando-se por último, entregou a um de seus fiéis amigos a Ata da Independência do Chile, para que fosse salva do incêndio, mas esta não foi salva de um soldado que a rasgou assim que eles saíram do palácio.

Mas Salvador Allende não se rendeu, ele voltou ao salão da Independência e gritou que não se rendia. Pegou uma pequena metralhadora. O barulho era tanto que não deu para ouvir os disparos, só alguém que gritava que o presidente estava morto.

Por Hévilla Wanderley

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Nem Freud entende

Como é possível no país mais democrático do mundo o candidato com o maior número de votos populares não ser eleito? Isso aconteceu nas eleições de 2000 nos Estados Unidos. Os candidatos eram o ex-presidente George W. Bush e o ex-vice presidente Albert Gore.

No dia 7 de novembro de 2000 mais de 100 milhões de americanos foram às urnas para escolher o Presidente da República. Nas horas seguintes, as grandes redes de televisão divulgaram notícias equivocadas, nas quais os dois candidatos se proclamavam vencedores. Até o dia 12, os Estados Unidos continuavam sem saber quem seria o futuro governante, se George W. Bush, o governador do Texas e candidato do Partido Republicano ou Albert Gore, vice-presidente dos Estados Unidos e candidato do Partido Democrata.

Imagem: Reprodução


Votos da Flórida decidiram o voto de Bush: polêmica

George W. Bush foi o escolhido, ele, o candidato com o menor número absoluto de votos foi eleito.
Nesse caso, como é que estaria sendo respeitada a vontade da maioria?

O site historianet públicou na época uma explicação sobre o sistema eleitoral americano.

O PROCESSO ELEITORAL NOS ESTADOS UNIDOS

Nos Estados Unidos a disputa presidencial é indireta, pois a rigor, o eleitor não escolhe seu candidato à presidência. Os eleitores de cada Estado votam numa lista de delegados comprometidos com uma das candidaturas. Esses, em número proporcional à população de cada Estado, formam o Colégio Eleitoral, composto de 538 delegados, ao qual caberá escolher o Presidente da República. Em cada Estado, a chapa que obtiver a maioria simples dos votos populares ficará com os votos de todos os delegados (menos em dois Estados pequenos - Maine e Nebraska), tornando-se vitoriosa a candidatura que obtiver 270 votos ou mais.

Nessas eleições levantou-se suspeitas de que houve fraude no Estado da Flórida. Por conta de uma lei estadual que exige a recontagem dos votos quando a diferença for inferior a 0,5%, foi pedida a recontagem dos votos na Flórida. Na primeira contagem o candidato democrata obteve 1.785 votos a menos que Bush, num universo de 6 milhões de eleitores. Segundo dados não oficiais da agência "Associated Press", uma segunda contagem automática nos 67 condados do Estado, reduziu a diferença para 327 votos.

Outro ponto vulnerável, diz respeito às cédulas eleitorais, que nos Estados Unidos não são padronizadas. O modelo de algumas cédulas da Flórida, como as do condado Palm Beach, levou eleitores de Gore a votar no candidato do inexpressivo Partido da Reforma, o ultraconservador Pat Buchanan, que de fato apresentou um desempenho superior ao esperado. Além disso, cerca de 19 mil votos foram anulados em Palm Beach por dupla votação, equívoco que poderia ter sido provocado por eleitores que tentaram corrigir os votos após perceber que não haviam votado no candidato de sua preferência. A raiz desses dois problemas, está na tradição de autonomia, que desde os primórdios sempre esteve presente na história dos Estados Unidos. Esse excesso de autonomia para os Estados pode começar a ser revisto em alguns aspectos, após essas eleições.

Existe ainda a questão dos eleitores da Flórida residentes no exterior. Estimados em 2 mil votos, foram enviados pelo correio e serão considerados válidos se chegarem até o dia 17. Sobre essa questão incidiria um outro problema, já que os votos pelo correio, que poderão revelar-se decisivos, seriam considerados suspeitos, se vindos de um país sem tradição democrática.

Foto: Divulgação


"Oh, tão apertado", "É Bush", "É Bush?" e "Contestada".
As manchetes acima foram publicadas nas sucessivas edições do Orlando Sentinel, da Flórida, em 8 de novembro de 2000.


O QUE PODE ACONTECER APÓS UMA SEMANA DE IMPASSE?

No dia 13 de novembro, o Partido Democrata pediu a recontagem manual em cinco condados da Flórida, incluindo Palm Beach, onde o comitê eleitoral anunciou que iria recontar manualmente os 462.657 votos. A decisão foi tomada após a recontagem de 1% das cédulas, na qual o comitê acrescentou 33 votos a Al Gore e 14 a George W. Bush. Se a proporção fosse estendida para o total de cédulas do condado, o democrata Gore venceria a eleição. As autoridades locais concluíram que isso poderia alterar os resultados do Estado. Os republicanos pediram a suspensão da recontagem na Justiça Federal.

Se mesmo solucionado esse impasse, nenhum candidato obtiver a maioria mínima de 270 delegados no Colégio Eleitoral, a eleição é transferida para o Congresso, onde o Senado elegeria o vice-presidente e a Câmara dos Deputados, elegeria o presidente, por um sistema simples de votação, atribuindo um voto para cada bancada estadual.

Mas como foi visto, o presidente Bush e o seu vice Dick Cheney, fizeram seus juramentos de fidelidade à Constituição no dia 20 de janeiro e tomaram posse de seus cargos. Muito se foi discutido sobre o resultado dessas eleições pelos órgãos de imprensa. Mas após quase nove meses do mandato de Bush tudo foi esquecido.

Quando, em 11 de setembro, aconteceu o ataque terrorista organizado pela a Al Qaeda, toda a imprensa se esqueceu do que havia acontecido nas últimas eleições e se concentrou apenas em melhorar a imagem do presidente Bush e incentivar a população a apoiar todas as ações ministradas pelo então presidente, inclusive às invasões ao Afeganistão e ao Iraque, que não trouxeram nenhum benefício para a população americana.

Por Hévilla Wanderley

Americocentrismo no cinema

Foto: Divulgação
Cena do filme Independence Day: Casa Branca sempre é alvo recorrente

Segundo o Dicionário Aurélio, etnocentrismo é a tendência de um indivíduo para valorizar seu grupo, sua região e sua nacionalidade. Ou seja, o etnocêntrico é aquela pessoa que põe sua cultura, seus costumes e valores acima de todos os outros e tende a julgar as outras culturas de acordo com seus valores, sempre olhando de cima.

O maior exemplo de etnocentrismo que podemos ver claramente está em um país inteiro, não em um indivíduo: Os Estados Unidos. A maior potência mundial é também o modelo ocidental de etnocentrismo, o americocentrismo. Podemos analisar claramente essa postura norte-americana através de seus blockbusters, filmes de grande orçamento feitos para o grande público, que compõem o chamado cinema pipoca, com filmes feitos visando puramente o entretenimento, onde a ação desenfreada e os roteiros fracos são quase regra.

Em filmes como Independence Day, Armaggedon, M.I.B – Homens de Preto e, mais recentemente, O Dia Depois de Amanhã e 2012, é fácil notar o americocentrismo na história que se resume sempre à mesma coisa: o mundo está em perigo e cabe apenas aos EUA salvar o planeta. Claro que, nesse caso, o planeta também se resume apenas à terra dos ianques. As palavras “mundo” e “planeta” são meramente ilustrativas. Pouco ou nada se vê sobre outros países, pois apenas "nós", os Estados Unidos, somos relevantes.

A ameaça, nesses filmes, sempre bate à porta da Casa Branca. Não importa se é um meteoro que cai, se são as mudanças climáticas que ocorrem, se são alienígenas causando confusão, ou o fim do mundo que chega por motivos desconhecidos, ele sempre chega primeiro nos EUA. O presidente americano é mostrado como o soberano do mundo, que sempre deve tomar as decisões pertinentes, aquele com o poder de decisão. Os outros líderes mundiais são, e serão, completamente ignorados.

Infelizmente essa postura americana não existe apenas nos filmes. Ela é real e não é difícil perceber, em episódios recentes como o do Haiti, por exemplo, quando após o terremoto que devastou o país, os EUA ocuparam a nação com suas tropas e tomaram o aeroporto e as ruínas do palácio presidencial, além de outros episódios como as guerras do Iraque e Afeganistão, após os ataques de 11 de setembro de 2001. A ficção, nesse caso, apenas imita a realidade.

Por Kíssila Machado

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Terror em Guantánamo

Foto: Divulgação
Prisioneiros usam máscaras em Guantánamo

Alvo de muitas críticas, Guantánamo se tornou um símbolo de supostos abusos de direitos humanos cometidos pelos Estados Unidos, devido a técnicas de interrogatório utilizadas contra os acusados de atos terroristas detidos na prisão.

Usando como propósito a mineração e operações navais, os Estados Unidos fizeram um contrato de arrendamento perpétuo de 116 quilômetros quadrados de terra e água na baía de Guantánamo, pertencente à ilha de Cuba.

Mas é somente em 2002, que o primeiro grupo de 20 combatentes capturados no Afeganistão é levado a Guantánamo. Em outubro, pela primeira vez, quatro prisioneiros de Guantánamo são liberados. Em novembro, William J. Haynes recomenda técnicas de interrogatório agressivas para qualquer suspeito de terrorismo.

No ano de 2003 um total de 773 prisioneiros passou pela prisão e 680 permanecem em Guantánamo. Em 2004 a imprensa americana começou a divulgar imagens e relatos de torturas e violações aos direitos humanos feitos pela maior potência do mundo. Em Guantánamo, 558 detidos foram interrogados por comissões militares e apenas 38 foram libertados deste montante.

Somente depois de quatro anos, em 2006, que a Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou um relatório solicitando o fechamento da prisão de Guantánamo com base no uso de técnicas de interrogatório semelhantes à tortura. Mas o secretário de Defesa da época, Donald Rumsfeld, não concordou com as conclusões da ONU.

Foi neste mesmo ano que aconteceu a primeira tentativa de suicídio de um dos prisioneiros de Guantánamo. Um mês depois, três prisioneiros morreram em um aparente suicídio coletivo. Outros prisioneiros iniciaram uma greve de fome, mas foram alimentados à força pelos guardas. A Suprema Corte determinou que o sistema de comissões militares para os detidos violava as leis estadunidenses e a Convenção de Genebra.

Foto: Divulgação
Banho coletivo

Documentos do FBI obtidos durante um processo iniciado pela União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, em inglês), em 2007, revelaram 26 incidentes de possível abuso por parte dos guardas de Guantánamo que incluem expor os prisioneiros a temperaturas extremas, desrespeitar o Alcorão e atos de humilhação realizados por guardas do sexo feminino. Estimava-se naquele ano que 245 homens estavam detidos em Guantánamo.

Mas é apenas em 2009, após a eleição de Barack Obama, que se começou a ouvir as primeiras promessas de fechar ou reestruturar a prisão de Guantánamo. Obama assinou um decreto-lei, em 22 de janeiro de 2009, para fechar Guantánamo ainda no primeiro ano do seu governo, além de exigir uma revisão de como esses prisioneiros seriam tratados antes do fechamento – e se seriam enviados a outros países ou processados. As comissões militares, criadas durante o governo Bush, foram extintas.

Entre os piores crimes cometidos na prisão, estavam o transporte dos detentos em jaulas, abuso sexual cometido por médicos, variados tipos de torturas, espancamentos brutais que deixavam o chão encharcado de sangue, desrespeito às práticas religiosas (fazer o detento comer carne de porco ou assistir profanações do Alcorão) e detenção de crianças.

Foto: Divulgação
Prisioneiros são mantidos em pequenas jaulas, como forma de tortura

Mesmo com todos esses abusos e uma promessa do atual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de que fecharia a prisão até 22 de janeiro de 2010, o que não se concretizou, 196 presos permanecem detidos em Guantánamo.

Por Hévilla Wanderley

domingo, 20 de junho de 2010

O impacto do 11 de setembro na música

Um acontecimento tão marcante afeta vários níveis da sociedade e da cultura, e entre eles está a música. Alguns artistas prestaram homenagem às vítimas do atentado através de sua arte. Outros tiveram seus trabalhos confundidos por causa da má-interpretação e correlação das letras de suas músicas. Alguns usaram o 11 de setembro até como metáfora para escrever suas canções.

Seguem abaixo algumas músicas que tem relação direta ou indireta com o 11 de setembro.

Bruce Springsteen - My City of Ruins

"The Rising", décimo segundo álbum do cantor americano Bruce Springsteen, lançado em 2002, tem na maior parte de suas músicas, homenagens às vítimas do atentado às Torres Gêmeas. "My City of Ruins" (Minha Cidade de Ruínas) foi escrita antes do 11 de setembro, porém teve algumas linhas alteradas para se encaixar com a proposta do CD. A canção foi apresentada no evento "America: A Tribute To Heroes" (América: Um Tributo Aos Heróis), evento beneficente em homenagem aos mortos no atentado e às suas famílias, que contou com a presença de grandes nomes da música como Mariah Carey, Alicia Keys, Billy Joel, Céline Dion e Stevie Wonder.

Now's there's tears on the pillow
(Agora há lágrimas no travesseiro)
Darlin' where we slept
(Querida, onde nós dormíamos)
And you took my heart when you left
(E você levou meu coração quando se foi)
Without your sweet kiss
(Sem seu doce sorriso)
My soul is lost, my friend
(Minha alma está perdida, meu amigo)
Tell me how do I begin again?
(Me diga como posso recomeçar?)
My city's in ruins
(Minha cidade em ruínas)
My city's in ruins
(Minha cidade em ruínas)

Kristy Jackson - Little Did She Know (She'd Kissed A Hero)


O primeiro (e único, diga-se de passagem) sucesso da cantora Kristy Jackson, Little Did She Know (She'd Kissed A Hero) (Ela Pouco Sabia (Ela Beijou um Herói)) é outro marco no 11 de setembro, quando estourou nas rádios logo após o ataque. A letra da música mostra a perspectiva de um casal, um empresário e uma dona-de-casa, que se despede de seu marido quando este viaja de avião, que subentende-se que seja um dos aviões usados no atentado. Comovendo grande parte da população, foi a música mais tocada durante o outono daquele ano por todas as rádios.

The phone had rung
(O telefone tocou)
His vioce was calm
(A voz dele era calma)
Before he could tell her anything
(Antes que ele pudesse falar alguma coisa)
She knew somethin was wrong
(Ela sabia que havia algo errado)
"I Love You So"...
("Eu te amo muito"...)
Last words he said
(As últimas palavras que ele disse)
She said "I Love You Too"...
(Ela disse "Eu te amo também"...)
Then the phone went dead
(Então, o telefone ficou mudo)

Onitsuka Chihiro - infection



E até mesmo quem não se inspirou no atentado do 11 de setembro foi afetado. A cantora e compositora japonesa Onitsuka Chihiro lançou o single "infection / LITTLE BEAT RIFLE" no dia sete de setembro de 2001, quatro dias antes do ataque. Por causa do significado de sua letra, relacionado imediatamente ao acontecido pela mente dos japoneses, as promoções da música "infection" foram suspensas, e até mesmo sua veiculação como abertura do dorama (novela) "氷点2001" (Hyouten 2001, Ponto de Congelamento 2001, em tradução livre) foi vetada.

爆破して飛び散った
bakuhashite tobijitta
(Uma explosão espalhou pedaços)
心の破片が
kokoro no hahen ga
(Do meu coração estraçalhado)
そこら中できらきら光っているけど
sokorajuu de kirakira hikatte iru kedo
(Mesmo com todas essas luzes brilhantes ao meu redor)
いつの間に私はこんなに弱くなったのだろう
itsu no ma ni watashi wa konna ni yowakunatta no darou
(Quando foi que percebi que eu tinha essa fraqueza?)

KLB - 11 de setembro


Representando o Brasil, nós temos... o KLB. Em seu álbum "KLB Obsessão", de 2005, o trio, formado por Franco "Kiko", Leandro e Bruno, lança a música "11 de setembro". Na letra, parece que a referência ao atentado se resume ao título e ao verso "Jogaram uma bomba no meu aniversário".

Eu não sei rezar
Só lembro de Deus na hora do pecado
Não sei se meus dias estão contados
Quando estou com você
Eu não falo inglês
E tudo que é meu já pode ser doado
Jogaram uma bomba no meu aniversário
E eu nada pude fazer
Se a vida começa aos 40 eu ainda não nasci
Me diz o endereço de outro planeta
Que eu vou sair daqui

Por André Lima

Soldados americanos atiram em civis no Iraque

As tropas americanas, que ocupam o Iraque desde 20 de março de 2003 devido a suspeita de que o país estaria produzindo armas de destruição em massa, enfrentam uma nova polêmica por causa de um vídeo veiculado na mídia mundial, que mostra militares em um helicóptero do exército americano metralhando civis em Bagdá. Aparentemente, os militares americanos confundiram câmeras com armas, mas mesmo sem a certeza de que os homens que estavam reunidos ali portavam armamento, abriram fogo contra o grupo.

A situação se agrava quando, após o acontecido, os militares continuam rondando e metralham uma van que aparece para ajudar os feridos. O resultado desse massacre são 12 civis mortos, sendo dois deles jornalistas da agência de notícias Reuters e duas crianças gravemente feridas.

No vídeo abaixo, o veterano do Iraque e diretor da organização Vets for Freedom, que tem como objetivo instruir o povo americano sobre a importância de vencer a guerra do Iraque, Pete Hegseth, discorre sobre o acontecido no programa Notícias MTV.



Por Ana Amélia Lima

sábado, 19 de junho de 2010

Capas de jornais após o 11 de setembro

No dia seguinte ao atentado terrorista do World Trade Center, localizado em Nova York, praticamente todos os grandes jornais do mundo trataram desse assunto como sua manchete principal, considerando-o como o principal ataque terrorista da história dos Estados Unidos. Na ocasião, dois aviões se chocaram contra as “Torres Gêmeas", apelido dado aos edifícios, matando aproximadamente três mil pessoas. A organização fundamentalista islâmica Al-Qaeda assumiu a autoria do atentado.

Veja abaixo, algumas capas de jornais referentes ao atentado:

Foto: Divulgação
APOCALIPSE
Nova York, 11 de Setembro de 2001
10 PÁGINAS DE FOTOS E RELATOS ESPECIAIS
(capa do jornal britânico "Daily Mail")

Foto: Divulgação
Guerra na América
(capa do jornal britânico "The Daily Telegraph")

Foto: Divulgação
 EUA ATACADO
AVIÕES SEQUESTRADOS DESTROEM TORRES GÊMEAS E ATINGEM PENTÁGONO EM DIA DE TERROR
(capa do jornal americano "The New York Times")

Foto: Divulgação
O dia em que a Terra parou e acompanhou o
TERROR NOS EUA
(capa do jornal brasileiro "Jornal NH")

Por Allan Hebert Lima

A paranoia americana

Foto: Divulgação
Terrorista do caso Virginia: pressão da sociedade eclode em violência

Um contador desempregado passa a noite em claro jogando golfe na sala de seu apartamento quando ouve um barulho do lado na rua. É seu vizinho árabe, jogando o lixo pra fora as três da manhã. Ele acha estranho, mas ignora e continua seu jogo. No dia seguinte, passa a observar o vizinho e, ao ver atividades “suspeitas” (como receber caixas de outros árabes, usar telefones públicos longe de casa, ouvir musica muita alta, etc.) deduz que o outro pode ser um terrorista e resolve ligar para o FBI. O órgão federal não lhe dá atenção, e nem sua esposa, levando o contador a agir por conta própria.

Esse é o enredo do filme “Paranoia americana” (Civic duty, 2006), mas não está muito longe da realidade dos norte americanos. Após os atentados de 11 de setembro de 2001 e a cobertura massiva da mídia, a paranoia deste povo, que já existia há décadas, aumentou consideravelmente. O egocentrismo presente na sociedade americana e o crescente senso de individualização (por sinal, tendência observada a nível mundial) faz crescer o medo do outro, do “inimigo”, figura sem rosto e sem corpo, que pode ser qualquer um, inclusive o seu aparentemente inofensivo vizinho.

Paranoia é um termo utilizado por especialistas em saúde mental para descrever desconfiança ou suspeita altamente exagerada ou injustificada. Numa sociedade como a norte-americana, onde o medo é bombardeado no sistema nervoso das pessoas, tanto pela mídia quanto pela organização social, a paranoia se instala facilmente, embora nem sempre seja óbvia e escancarada. Entretanto, basta um empurrãozinho para que ela se concretize.

Foto: Divulgação
"Paranoia Americana": personagem neurótico suspeita de seu vizinho árabe


O contador do filme americano era uma dessas pessoas bombardeadas pela mídia por notícias de ataques terroristas, imagens de violência, fotos de terroristas espalhadas nas ruas e propaganda pró-guerra. As sociedades atuais, como já citado, concentraram-se nos direitos individuais do cidadão, o que enfraqueceu o conceito de coletividade e solidariedade. Esse tipo de sociedade cria indivíduos auto-centrados, que se preocupam apenas com sua própria liberdade e direitos e, apesar disso, esperam que os outros se submetam a eles. São invejosos e ao mesmo tempo sentem-se vitimizados pelo inimigo invisível.

Chamada por Lasch de “A cultura do narcisismo” em seu livro homônimo, essa civilização se traduz mais tarde num emaranhado de pessoas solitárias, que pouco possuem laços com as redes sociais ao seu redor. A individualização excessiva torna-os massificados, solitários e amedrontados, embora estes se acreditem livres. Essa liberdade vale também para a segurança: esses indivíduos pensam que é seu dever e direito se proteger sozinhos. Nos Estados Unidos esse direito é apoiado pela constituição, que garante o direito à defesa pessoal.

Esses fatores somados podem ser apontados como causa de uma grande mania americana: as armas. Lá, é absurda a facilidade de se obter uma arma. Muitos americanos tem coleções, e vários tipos de munição são vendidos em lojas de departamento e supermercados. Em 43 estados americanos não é necessário licença ou registro para obter uma arma e em seis deles não há idade limite para a obtenção. Segundo a famosa Segunda Emenda da Constituição norte-americana, “sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido."

Foto: Divulgação
Columbine: imagem da câmera de segurança do colégio


Num país onde boa parte dos cidadãos vive em estado de sítio auto-instituído e cerca de 34% da população possui armas de fogo, não é difícil perceber o nível de paranoia. Episódios como os massacres de Columbine, em Jefferson, Colorado, onde dois estudantes de 17 anos mataram 13 pessoas, feriram 21 e se suicidaram em seguida, e da Virgínia, quando em 2007 um estudante de 23 anos deixou 32 mortos (ele inclusive) na Universidade de Virgínia, mostram o grau de perturbação numa sociedade em que a violência não só é noticiada constantemente, mas é também glorificada como meio de autodefesa. É um ciclo vicioso. O medo gerado pelas constantes ameaças, imaginárias ou não, acaba isolando os cidadãos e tornando-os egocêntricos, o que os faz acreditar que a solução é a autodefesa, apoiada pela constituição, gerando ainda mais violência.

Tal paranoia do povo americano serve para provar o poder da imagem. Vivemos hoje numa sociedade bombardeada por imagens em todas as instâncias da vida. TV, internet, jornais e revistas, propagandas e artigos publicitários, servem-se da imagem para vender ideias, conceitos e produtos – inclusive a violência e o medo. A imagem é o mais próximo que temos do real, é a representação, embora não a verdadeira, do fato. Ao ver uma imagem de um acontecimento como os ataques de 11 de setembro ou o massacre de Columbine, sentimos como se estivéssemos presentes e nos identificamos emocionalmente com a situação, formando um elo que, sem aquela representação, não seria tão forte ou não existiria. A pesquisadora Maria Rita Kehl, ao falar sobre o poder da imagem, diz: “São nossos olhos, multiplicados aos milhares, que fazem a aura da imagem industrializada. Ela nos fascina na medida exata em que reproduz nossa alienação”.

Embora a paranoia americana (que não é restrita aos EUA, porém aconteça em escala menor em outros lugares) e suas causas esteja comprovada por diversos estudos, vale lembrar que ela não é generalizada. Como todo fenômeno, ela também possui sua resistência. Exemplo dela é o famoso documentarista americano Michael Moore, autor de “Tiros em Columbine” (Bowling for Columbine, 2002), documentário que aborda justamente a questão da paranoia americana e que serviu de fonte para esse texto. Moore nasceu e cresceu dentro da sociedade que retrata em seu filme, porém tenta "combatê-la" através de seus filmes e livros, além de ações práticas perante o governo dos Estados Unidos, esperando desenvolver em seu público um maior senso crítico sobre o grupo a que pertence. Assim, pode-se perceber que é possível o retorno à uma sociedade saudável e pautada nos valores coletivos, não só nos Estados Unidos como no resto do mundo.

Por Kíssila Machado

Al-Jazeera, a história da rede que revolucionou a mídia árabe

Foto: BH-News
Estúdios da Al-Jazeera, emissora catariana: revolução no jornalismo árabe

A Al-Jazeera surgiu em 1996 após a rede de televisão inglesa BBC, com o intuito de criar uma variante árabe do seu teor internacional, se juntou à emissora saudita Orbit Communication. Mas como o reino da Arábia Saudita não entrou em consenso com o serviço de notícias da BBC sobre a independência editorial, os investidores preferiram retirar seus investimentos e desfazer o pacto.

Sem investimentos, a BBC árabe faliu e o emir (o equivalente árabe a príncipe) do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani, contratou os jornalistas que foram treinados pela emissora inglesa para compor uma rede de TV independente, já que a maior parte da impressa árabe é controlada pelo governo. Essa foi uma de suas maiores reformas.

A emissora obteve um sucesso instantâneo entre o público árabe, que nunca havia visto reportagens sobre os próprios assuntos de uma maneira diferente da tradicional das TVs do mundo árabe. Isso pode ser observado no posicionamento da emissora frente ao conflito Israel-Palestina, quando a Al-Jazeera entrevistou oficiais Israelenses e foi a primeira a exibir um judeu israelense falando hebraico na TV árabe.

Se entre os árabes o que a tornou conhecida foi o conflito na Palestina, a guerra no Afeganistão foi o que a tornou conhecida no resto do mundo. Em fevereiro de 2000, o regime Talibã convidou a CNN americana para instalar um escritório no país, mas a rede não aceitou o convite. A Al-Jazeera, ao contrário, manteve contato e fontes com o regime e com a população afegã, o que facilitou a cobertura em 2001.

Nesse ano, quando mostrou as passeatas populares contra a ocupação norte-americana no Afeganistão e o vídeo onde Osama Bin Laden, o homem acusado de planejar o atentado às torres gêmeas no fatídico 11 de setembro de 2001 se pronunciando quanto aos acontecimentos, a emissora Al-Jazeera se tornou conhecida na mídia mundial como “a voz do mundo Árabe”.

Os Estados Unidos não gostaram da abordagem da Al-Jazeera e tentaram invalidar o discurso da emissora declarando que esta quer dar voz ao Talibã e Al-Qaeda e fazer uma propaganda contra a campanha americana no Afeganistão. Entretanto artigos de grandes jornais como o New York Times deram crédito à rede pela liberdade de imprensa.

No dia 22 de novembro de 2001, o Jornal inglês Daily Mirror, publicou uma matéria falando sobre a existência de um memorando que relatava um encontro entre o então presidente dos Estados Unidos George Bush e o primeiro ministro inglês Tony Blair, no qual o primeiro ministro tentava fazer o presidente americano não bombardear a sede da Al-Jazeera. Tanto Blair quanto Bush declararam nunca ter havido tal proposta.

Esse fato levantou dúvidas sobre os incidentes anteriores com a rede Al-Jazeera, como um escritório da emissora em Kabul no Afeganistão, ter sido atingido por um míssil americano em novembro de 2001. Na guerra do Iraque em 2003, também houve bombardeios ao escritório da rede Al-Jazeera em Bagdá, onde mataram o produtor Tareq Ayyoub. Autoridades americanas declararam que foi legítima defesa, pois inimigos haviam disparado contra tanques dos Estados unidos perto da sede da emissora.

Toda a trajetória da mídia no Oriente Médio mostra que o Estado e a religião sempre estiveram atados no mundo árabe. Nesse cenário, a Al-Jazeera se mostra importante ao apresentar uma visão mais crítica e isenta do que se passa ao seu redor.


Por Ana Amélia Lima

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Os extremos de um governo

Foto: Divulgação
Governo Bush, um governo polêmico e contraditório

George Walker Bush chegou ao poder no ano de 2000 e assumiu a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2001. O primeiro ano de seu mandato foi de grande importância, não só para ele, mas também para o país inteiro. Após os ataques terroristas de 11 de setembro, a popularidade do presidente foi às alturas. Chegando ao ápice de 90% de aceitação por parte da população estadunidense. Ele conseguiu levar o alto índice de aprovação por mais um ano de mandato, o que é considerado algo muito difícil para qualquer presidente. O presidente foi de um extremo a outro. Oito anos passados de sua posse, ele conseguiu obter 73% de reprovação da população com relação ao seu governo.

Extremos estes que podem ser muito bem explicados. No ano de 2001, Bush declarou guerra ao terrorismo. E guerras parecem sempre elevar a aceitação de um presidente pela população. Porém, esta mesma guerra também levou sua aceitação ao declínio. No dia 7 de outubro do mesmo ano, o presidente declarou guerra ao Afeganistão com o objetivo principal de capturar Osama Bin Laden, desmantelar as operações da Al-Qaeda e tirar o Talibã do poder. Objetivos que não foram concretizados até hoje, já que Osama continua solto e a Al-Qaeda continua executando suas atividades terroristas. Além de não trazer resultados, a guerra deixou um rastro violento de sangue americano e civil, além de um rombo nos cofres públicos.

Já em 2003, o governo Bush usou as supostas armas de destruição em massa como desculpa para invadir o Iraque e começar mais uma guerra. A população americana rejeitou o envolvimento do país neste conflito que também deixou saldos negativos de vidas e dinheiro. Estima-se que mais de quatro mil soldados americanos morreram e foram gastos mais de 400 bilhões de dólares. O envolvimento com guerras não parou por aí. Não se pode esquecer da prisão de Guantánamo e a de Abu Ghraib. Prisões famosas em todo o mundo por irem contra os direitos humanos e internacionais.

Outro fator que gerou grande insatisfação por parte da população foi a crise econômica relacionada ao mercado imobiliário americano que afetou os Estados Unidos no fim do governo Bush.

Em síntese, são estes os fatos que mais trouxeram a desaprovação do governo Bush pela população americana. Mas não são só os Estados Unidos que foram desagradados. Por todo o mundo, existem manifestações de pessoas contra ou a favor deste governo tão contraditório. Comunidades em sites de relacionamento como o orkut podem ser encontradas com o objetivo de “manifestar-se” contra o ex-presidente. Ou ainda manifestações pelo mundo, principalmente quando ele está presente, como foi o caso inesquecível do sapato arremessado por um jornalista em uma entrevista coletiva concedida por Bush.

E você? Qual sua avaliação do governo Bush? Clique abaixo em comentários e deixe sua opinião registrada. Ou participe da enquete sobre o assunto.

Por Camila de Lima Bezerra

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Terrorista ou gênio, quem é Osama Bin Laden?

Foto: Divulgação

Osama Bin Laden, o homem mais procurado do Planeta

Osama Bin Laden é, só e simplesmente, o homem mais procurado do mundo há pelo menos dez anos. O mais incrível é que, mesmo sendo o rosto mais veiculado nos artigos de "Procura-se", ninguém consegue achá-lo. Então, é por isso que eu questiono, será que ele é apenas um terrorista cruel e assassino que só pensa em destruição? Bem, talvez seja, mas não só isso.

Filho único da décima esposa de Muhammed Awad Bin Laden, um imigrante iemenita pobre, que se tornou o homem mais rico e poderoso da Arábia Saudita depois do próprio rei, Osama nunca gostou dos costumes ocidentais, principalmente os que eram vistos na família real saudita. Por isso resolveu criar a Al-Qaeda, paralelamente as suas atividades empresariais no Sudão, para tentar tirá-la do poder.

No Sudão, ele aumentou seu número de inimigos, não era só mais a família real saudita, mas também xiitas, judeus e ocidentais de uma forma em geral. Foi então, que ele decidiu usar o terrorismo como principal arma para combater o que ele chamava de "infiéis".

Seu primeiro atentado foi mal sucedido. Em 1995, ele tentou matar o presidente do Egito, Hosni Mubarak. Após o fracasso, ele foi expulso do Sudão e teve todos os seus bens tomados pelo governo. De volta ao Afeganistão foi renegado pela própria família. Mesmo assim permaneceu lá, voltando-se apenas às causas islâmicas. Bin Laden então, elegeu os Estados Unidos como o principal inimigo do Islamismo, e depois disso, começou sua onda de ataques.

O primeiro ataque direto aos Estados Unidos, aconteceu no dia 7 de agosto de 1998, quando a Al-Qaeda utilizou carros-bomba para explodir duas embaixadas americanas. Uma no Quênia e outra na Tanzânia, matando no total 256 pessoas e ferindo 5100 pessoas. Depois de ser apontado pelo governo destes três países como o principal suspeito, Osama Bin Laden se tornou o terrorista mais procurado do mundo, até então, ninguém nunca ouvira falar sobre ele.

Em 12 de outubro de 2000, a Al-Qaeda realizou seu segundo atentado. Bin Laden e companhia atacaram um navio da marinha americana chamado USS Cole, que se encontrava atracado para reabastecimento no porto de Aden, no Iêmen. O ataque provocou a morte de 17 militares americanos, além dos dois terroristas suicidas.

Mas nenhum atentado teve mais repercussão do que o do dia 11 de setembro de 2001. Após sequestrar três aviões, mostrou que era capaz de lançá-los contra as torres gêmeas do World Trade Center, principal símbolo ecônomico dos Estados Unidos, localizado em Nova York, e também contra o Pentágono, centro do poder americano. O ataque provocou a morte imediata de pelo menos 2754 pessoas, oriundas de 90 países distintos.

No dia 13 de dezembro de 2001, o Pentágono divulgou um vídeo, no qual Osama Bin Laden declarava ser o responsável pelos atentados. "Calculamos de antemão o número de vítimas mortais do inimigo, em função de sua posição na torre. Calculamos que três ou quatro andares seriam atingidos. Eu era o mais otimista de todos, devido à minha experiência", dizia ele no vídeo.

Desde então, os Estados Unidos entraram numa caçada sem fim atrás, não só do homem que causou uma das maiores tragédias assitidas pelo planeta, mas o que causou a maior humilhação já feita ao país mais poderoso do mundo. Bin Laden conseguiu o que ninguém jamais conseguiu, ferir a maior potência do mundo e sair praticamente ileso.

Por Hévilla Wanderley

sábado, 5 de junho de 2010

10 anos de 11 de setembro

Foto: Divulgação
Simplesmente, a imagem mais impactante da história

Dez anos. Para uma criança, uma década pode ser apenas o começo; para os adultos, uma mera passagem de tempo. Mas para o sobrevivente de uma tragédia como o 11 de setembro, dez anos são uma eternidade contraditória. A cada dia que passa, a alegria de estar vivo se fusiona com a marca pujante de um acontecimento traumatizante, como se fossem linhas cruzadas, num misto de sentimentos que não são explicados através de palavras. Para as famílias das vítimas, o sentimento é mais devastador. Injustificavelmente, a vida de alguém, tão intimamente ligada à sua, é ceifada.

Para alguns, esses dez anos são apenas uma fase, do que acontece há muito tempo. O mundo islâmico, que nunca teve um status privilegiado entre os ocidentais, agora é visto como um grande vilão. Agora? Mas será que só agora mesmo? Será que essa visão é realmente algo posterior ao atendado terrorista? Com o atentado, anunciou-se o prelúdio da Terceira Guerra Mundial. Dez anos se passaram, e, até agora, o que vimos foi um clima de insegurança e tensão, que nem mesmo com o passar de uma década se dissipou.

Dez anos de transformações e dúvidas, muitas dúvidas. Como serão os próximos dez?

Por André Luiz Lima